MILITARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL: A DERROCADA DA EMPATIA?
DOI:
https://doi.org/10.35572/rsc.v9i1.377Palavras-chave:
Militarização da educação; Escolas Públicas; Empatia; SubjetividadesResumo
Este artigo objetiva refletir sobre as recentes ações de militarização de escolas públicas anunciadas pelo Ministério da Educação. Buscamos compreender como a sociedade, aterrorizada pelo medo do outro, entendido como perigoso, aceita e legitima o processo de militarização das escolas públicas, diametralmente oposto à educação humanista, autônoma, reflexiva, dinâmica e libertadora. Partimos da compreensão de que processos de militarização dentro dos contextos escolares impedem o desenvolvimento de subjetividades individuais, tolhendo modos de ser e viver que destoam de determinadas normativas. A escola militarizada atua de maneira não empática e, apesar disso (ou em função disso), é apoiada por parte significativa da população que também não consegue mais estabelecer relações empáticas com as alteridades que anunciam o caráter plural de nossa sociedade. Entendemos que por trás do fracasso dos métodos convencionais de educação reside o fato de que não é possível abarcar todos os sujeitos (e suas pluralidades) com uma única prática e postura pedagógica, de viés colonialista, principalmente uma tendência pedagógica baseada na imposição de normas e disciplina militares para controle, normatização e enquadramento de sujeitos. Dessa forma, buscamos aqui apresentar possibilidades outras para as relações escolares, que se pautem na empatia, reconhecendo e valorizando os aprendizes como sujeitos históricos, sociais e interseccionais que devem ter suas subjetividades respeitadas. A fim de ilustrar a discussão sobre o tema em questão, realizamos uma análise de conteúdo de 126 comentários sobre notícias referentes à militarização das escolas e destacamos ao longo do texto aqueles que consideramos mais pertinentes para a discussão.